Clown Lírico em Exercício de Expiação

22 Maio Auditório A Moagem - 22h00
Concepção e Coreografia_ Luiz Antunes
Com Joana Simão e Luiz Antunes
Interpretação musical_ Joana Simão

Compositores_ Chopin Grieg Turina Luz_ Luiz Antunes Figurinos_ Marisa Ribeiro Nuno Pinto Nogueira Promoção Fotografia_ Margarida Dias Design Gráfico_ Estela Pires Assesoria de Imprensa_Catarina Correia
Produção_ Marta Correia Equipa Técnica_ Alberto Diogo Alberto Lopes João Caria Design Gráfico Assistente_ António Santos Assistente de Sala_ Carla Silva

Um local que existe em tantos lugares, nas cabeças de todos.
Uma máscara que deixa de ser máscara quando é a realidade.
Uma batalha entre duas guerras: a interior e a que é de fora.
A solidão é uma situação prometedora. Promete o quê e a quem? Estar isolado para sobreviver, dividir uma sardinha por 7, mas por sete dias.
Ocupar o tempo com a ideia de que quero viver tudo, antes que isto tudo seja o principio do fim. Refugiado de mim mesmo dentro de um som de música... de um único som. Pensar na culpa, mas na culpa de quê? Satisfação da culpa, exercício para aplacar a divindade.


P.S. _ Ensaiar uma estória teatralizada em palavras e sons sem palavras.

CLOWN LÍRICO EM EXERCÍCIO DE EXPIAÇÃO

… resultou da encomenda de uma peça coreográfica com um conceito base: máscaras de guerra.
Tudo começa no espaço vazio de uma divisão: um ponto de luz, uma mancha branca de um tapete quadrangular e um piano ao canto. A dimensão dominante é a de uma realidade imaginária que está imbuída da fusão cândida entre a violência que advem de uma solidão forçada de duas personagens - Ela e Ele. Uma sirene rompe a gestualidade dos intérpretes, representação opressiva de um poder que procura controlar os habitantes de um mundo exterior que não aquele.
O conformismo e a anulação da identidade das duas personagens são a forma de luta contra a opressão que é adaptada a um contexto performativo associado a uma representação teatral.
Num exercício para aplacar o divino, cada uma das personagens interage de forma indirecta. Ela interpreta ao piano citações musicais inter-cortadas de um universo pessoal; ele metamorfoseia-se numa personagem grotesca de um imaginário infantil, que é símbolo de inocência.
Neste trabalho, o gesto não é uma imagem, acaba por ser uma ferramenta, um instrumento. Não há só uma imagem no mundo, há muitos jogos gestuais. Diferentes formas de vida e formas de fazer coisas com gestos. Não está tudo junto. Os limites da gestualidade de cada personagem são os limites do seu próprio mundo, que estão sempre a ir contra as paredes do espaço vazio.
Em Clown Lírico em exercício de expiação as citações sonoras e as peças interpretadas ao piano pontuam e guiam com melancolia lírica uma estrutura gestual programada, unida entre si por um fio condutor que tende a reproduzir um tempo emocional e mnemónico, muito mais do que intelectual.

Luiz Antunes

Sem comentários:

Enviar um comentário